13 setembro, 2013

Pesadelo das identidades

Domingo eu sonhei que estava em um apartamento em Buenos Aires. Outras pessoas (família, amigos, sei lá) andavam pelo apartamento, que parecia um pouco com o da Praça da Matriz, só que menor. Era uma área densa de prédios e o apartamento ficava no topo, de onde se enxergava o topo de outros prédios. Aos poucos, uma comoção começou a se formar nas varandas: alguém estava de pé, na beirada de um dos prédios, ameaçando se jogar. Escutei gritos, alguns tentavam dissuadir o suicida, mas então aconteceu.
De repente, o corpo se soltou. Pra morrer.
As pessoas gritaram de desespero, mas então tudo parecia normal. Era absurdo, anormal, uma fatalidade.
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Então, o sonho continuou no mesmo apartamento. Outra pessoa havia se atirado pra morrer.
Depois uma terceira.
Todas as pessoas nos topos dos prédios gritavam cada vez que um dos corpos se entregava pra esfaçelar no chão. Eu chorava, desesperado.
O último a se matar era um senhor, que se deu o trabalho de colocar uma cadeira na beirada de um dos prédios. Ali ficou, culpando sei lá quem pela decisão de se matar. Apesar dos apelos, se inclinou e caiu, com cadeira e tudo, descrente da vida. 
Tinha essa sensação no sonho, de que todo mundo tentava convencer as pessoas a viver, e faziam o melhor de si, mas no final, o suicida simplesmente pensava, racionalizava até, e concluía que não valia a pena. 
E esse momento de reflexão, em que eles decidiam se matar na mais plena lucidez, que me marcou. É essa sensação que está me incomodando desde o momento em que acordei do pesadelo até agora, 5 dias depois. 
É raro eu lembrar de um sonho 5 dias depois. Desse eu lembro como se recém tivesse sonhado. 
-x-
E não, esse não foi um sonho sobre suicídio. Foi um sonho sobre escolhas. 

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