Um dia tinha que acontecer. Aconteceu na segunda-feira, 22 de abril, quando eu tinha duas provas na PUC. Aconteceu no lugar mais inusitado possível, quando eu estava caminhando a esmo pelo campus, em uma encruzilhada sem lugar para me esconder ou fingir que não aconteceu. Aconteceu, e nós dois sabemos. Aconteceu que eu te ignorei, exatamente como tinha planejado fazer caso acontecesse. Aconteceu que depois de uns 20 passos, eu comecei a diminuir o ritmo até parar, na frente da lancheria da Faculdade de Letras. Aconteceu que fiquei parado ali, sem saber direito o que tinha feito nem por quê. Aconteceu que eu queria falar contigo, saber como tu tá, se está bem. Aconteceu que, como sempre, o que eu quero foi sufocado. Pensei em sair correndo atrás de ti, mas tive medo de tu não dar a mínima. Aconteceu que, no fim das contas, eu sempre tive medo. Eu sempre quis estar no controle, mesmo com toda minha impulsividade e talento para tomar as piores decisões possíveis, porque assim sempre posso me culpar e nunca me decepcionar com ninguém que amo. Aconteceu que cheguei em casa às 21h e a Capitu era a única pessoa com quem eu conseguiria falar sobre ti. Todo o resto acha que eu não dou a mínima. Aconteceu que eu gravei (mais) uma música pensando em ti pra guardar no computador e nunca mostrar pra ninguém.


Aconteceu que ainda não tenho certeza se fiz a coisa certa, mas tenho certeza que não estou mais feliz.

Queria um certificado de que estou tomando as decisões certas pra minha vida. Acordo todos os dias sentindo o contrário.


Provavelmente vou deletar isso nos próximos dias. Estou acostumado a me esconder atrás do hermetismo. Mas hoje senti a necessidade de me expor, nem que de mentirinha, no meu blog que ninguém acessa.