22 setembro, 2010

Ontem tocou uma música atonal no Zaffari. O tipo de coisa que acontece quando uma sociedade está em crise. Escolher bergamotas ao som de uma peça para piano dodecafônica. Senti a realidade rachando ao meio e quase fui engolido pelo PARADOXO, esse buraco negro metafísico que tanto preocupou Sartre e Camus, mas cuja compreensão só foi atingida em sua totalidade por um garoto de 7 anos chamado David que, sob efeito de anestésicos, sintetizou a angústia existencial da humanidade em um questionamento último: "Is this real life?" ["Isto é vida real?" - tradução livre].
Já fragilizado, assisto um vídeo em que um homem nu dá "shoryukens" em uma mulher pronta para um doggystyle. É inevitável. Cessarei. Os trilhos do tempo acabaram. O presente está congelado ou avança para o abismo do PARADOXO.
Ontem de madrugada, ao sair do banheiro e fechar a porta, o movimento de ar abriu uma gaveta que bloqueou - por dentro - a abertura da porta. Tranquei meu banheiro por dentro estando do lado de fora. A pressão era demais. Minha percepção implodirá. Restará apenas fragmentos da realidade. Me senti especialmente vivo.
De manhã, quebrei meu porquinho de cerâmica com uma frigideira. Levarei um bom tempo contando as moedas e o PARADOXO se acalmará. Por algum tempo.

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